Acredito que, porque, um dia, nos disseram que “tempo é dinheiro”. Que se perdermos tempo, na verdade, estamos perdendo dinheiro. Isso explica, em partes, o porque dessa vida frenética que vivemos. 

Por trás disso, há uma realidade dolorosa que precisamos admitir: amamos demais o dinheiro. Esse amor nos consome de maneira tão profunda que o dinheiro passou a definir nossa identidade. “Somos aquilo que temos” – ou pior, aquilo que não temos. Nosso valor, nossas realizações, e até mesmo nossa felicidade parecem estar atrelados ao quanto possuímos. A pressão para conquistar mais nos empurra para uma vida corrida, onde o descanso é visto como desperdício, e o silêncio é preenchido pelo barulho constante de metas e objetivos.

Essa pressa não está nos fazendo bem. Se o dinheiro tem moldado nossa identidade, a pressa tem deformado nossa alma. Então, em vez de vivermos em paz, nos tornamos ansiosos, insatisfeitos, sempre em busca de algo a mais que parece estar sempre fora do alcance. Mas Jesus nos advertiu: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15).

E o que estamos perdendo com essa correria desenfreada? A paz que só Deus pode nos dar. Ele nos chama a viver em outro ritmo. Ele disse: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11:28). Talvez seja hora de desacelerar.

Nessas férias em família, pudemos experimentar duas realidades opostas. A pressa de Nova Iorque e a calma de uma cidadezinha de 5 mil habitantes. O frenesi de Wall Street contrastando com os poucos moradores de North Wildwood. O barulho das buzinas e sirenes de um lado e o silêncio que acalma a alma do outro. A pressa de um trânsito frenético e o passeio de bicicleta sem hora para voltar.

Tudo bem, o problema em si não é a cultura da pressa. O problema é ser engolido por ela e viver segundo essa cultura. É possível experimentar a paz que excede o entendimento no caos organizado de Nova Iorque? Sim, com certeza. Mas eu, sinceramente, prefiro a calma de Wildwood. A pressa de NY acelera e deforma minha alma. Na paz de Wildwood, consigo ouvir os sussurros de Jesus. Me sinto mais perto dEle. Me sinto mais conectado. Ali, no silêncio, encontro a paz.

O ponto em questão não é tanto o lugar, mas como nos relacionamos com o lugar. A questão não é a pressa da cidade grande, mas a pressa que imprimimos no nosso ritmo de vida. Você pode viver em um ritmo mais lento em NY, só é mais desafiador.

Enfim, entendi que, independentemente do lugar onde eu esteja, definitivamente preciso desacelerar. Preciso aprender a contemplar. Ouvir de Jesus seu sussurrar. Então, com Ele, aproveitar cada instante de sua companhia. Porque, conforme Salomão, o homem mais rico de seu tempo, “Melhor é o pouco, havendo o temor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação” (Pv 15.16).